quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Moradores do Quilombo Chácara das Rosas visitam museu na capital

Na última semana, moradores do Quilombo Chácara das Rosas visitaram o Santander Cultural, no centro de Porto Alegre. A iniciativa partiu da Equipe Social e Organização Comunitária da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, que realiza o trabalho social que antecede a conclusão do empreendimento Minha Casa Minha Vida no quilombo.
Através da visita, eles puderam conhecer a arte da Exposição Àgora, que busca provocar a reflexão sobre os fenômenos contemporâneos de simultaneidade, colaboração e interatividade. A maioria dos quilombolas nunca havia ido a um museu, como afirmou dona Maria do Carmo de Jesus, 78 anos. Quando questionada sobre o que pensava que iria encontrar no Santander Cultural, respondeu com emoção: “uma descoberta”. E assim foi para todos. No lugar das pinturas e esculturas, eles puderam conhecer as instalações da exposição, descobrindo novas sensações e sentimentos.
A partir dessa visita ao museu, a Equipe Social e Organização Comunitária realizou um trabalho com as crianças interligando o passeio e os sentimentos em relação às obras das suas casas que iniciaram neste mês de julho. Utilizando algumas pinturas de Tarsila do Amaral, as crianças foram instigadas a desenhar e pintar a sua nova casa. Eduardo, 10 anos, disse que sua nova casa vai ter dois quartos, um banheiro, uma sala e uma cozinha. Ritielle, de 4 anos, argumentou: “minha casa vai ter todas as cores”.
A atividade faz parte do projeto social de pré-morar no Quilombo Chácara das Rosas, cujo objetivo central é desenvolver o processo de acompanhamento técnico social na atividade de integração e valorização do espaço à moradia da comunidade. Neste mês de julho iniciaram-se as obras das 24 casas que beneficiarão famílias do Quilombo Chácara das Rosas. O projeto é uma parceria da Associação Remanescente Chácara das Rosas, Prefeitura Municipal de Canoas e Caixa Econômica Federal, através do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

13:59 - terça-feira, 9 de agosto de 2011
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Canoas

Amanda Utzig Zulke
Secretaria de Comunicação
* com informações de Viviane Grafitti – ESO
 

domingo, 7 de agosto de 2011

Desigualdade racial na educação do País persiste, mas começa a diminuir

Embora ainda estejam longe do nível de escolaridade dos brancos, os negros estão deixando para trás a herança de poucos anos de estudos de seus pais. Pesquisa sobre cor e raça feita pelo IBGE em cinco Estados e no Distrito Federal mostra que a distância entre a escolaridade de pais e filhos é maior entre negros e pardos que entre brancos. A desigualdade racial na educação, no entanto, persiste.

A reportagem é de Luciana Nunes Leal e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 07-08-2011.

A escolaridade dos filhos é muito maior que a dos pais em todas as raças, em consequência da ampliação do acesso à escola dos anos 1990 em diante. Especialistas destacam, porém, que os avanços entre negros e pardos são maiores porque partiram de bases muito baixas.

A proporção de filhos negros com 12 anos ou mais de estudos (pelo menos ensino médio completo) é quatro vezes maior que das mães e três vezes maior que dos pais da mesma cor. No caso dos brancos, a proporção de filhos na faixa mais alta de escolaridade é três vezes maior que das mães e o dobro dos pais.

Segundo a pesquisa, apenas 2,8% dos pais negros tinham 12 anos ou mais de estudos, enquanto os pais brancos chegavam a 9,7%. Entre mães negras, somente 2,1% tinham o ensino médio completo, índice que chegava a 6,9% entre as mães brancas.

Apesar do progresso em relação aos estudos dos pais, a diferença entre filhos negros e brancos continua gritante. Menos de um em cada dez filhos negros entrevistados pelo IBGE (9,2%) completou o ensino médio. Entre os brancos, quase um em cada quatro (23%) tinha pelo menos 12 anos de estudos.

"Um nível mais alto de educação entre pretos e pardos, que há algumas décadas não estava no imaginário social, começa a fazer parte da realidade. Emblematicamente, é muito importante. Mas em números absolutos e relativos ainda é muito pouco", diz o pesquisador do IBGE José Luís Petruccelli, coordenador da pesquisa de cor e raça, que ouviu 15 mil pessoas de 15 anos ou mais, em 2008.

A pesquisa mostrou que, entre todos os entrevistados, 49% se declararam brancos e 7,8% negros. No universo dos que têm 12 anos ou mais de estudos, as proporções se alteram: 71% eram brancos e apenas 4,5% negros.

Qualidade

O professor da UFRJ Marcelo Paixão, especializado no estudo de raças, ressalta que a diferença da escolaridade dos filhos em relação aos pais seria bem maior e a desigualdade entre negros e brancos muito menor se a expansão de alunos nas escolas fosse acompanhada de qualidade na educação.

"Os filhos estão se distanciando da baixa escolaridade dos pais, mas o avanço ainda é muito lento para ser comemorado. A diferença tem de aumentar até o filho do analfabeto chegar a doutor, tanto o branco quanto o negro. O salto grande será quando os anos de estudos de brancos e negros se equipararem", afirma Paixão.

Para o professor, a comparação da escolaridade de pais e filhos é "um indicador que não admite muita condescendência". Ele explica: "Não estamos comparando a riqueza de pais e filhos, que pressupõe um patrimônio físico, depende de uma série de fatores, é mais lento. Estamos falando de educação, em que os avanços podem ser muito mais rápidos com a expansão da presença nas escolas", diz.

Segundo ele, a escola conseguiu se massificar, mas o aproveitamento escolar é muito baixo, em especial para os negros. "Os jovens deixam a escola, repetem o ano, ficam atrasados. Há muita propaganda e pouco resultado", complementa.

Educadores apontam para a participação e o estímulo dos pais, mesmo aqueles de baixa escolaridade, como fatores fundamentais para o aprendizado dos filhos. Mas ressaltam que, nas famílias em que o estudo é pouco valorizado, a escola deve assumir o papel de incentivadora dos alunos. 

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Data: 7/8/2011
Foto: Prof. Marcelo Paixão - Seminário Desigualdades Raciais no Brasil e Impactos na Educação - de: José Antônio dos Santos da Silva (Unegro)